Carranch☼ Anj☼ Guerreir☼
2009-05-12 07:04:02 UTC
A turbulência na economia, entretanto, fez com que as dúvidas mais tradicionais dos investidores mudassem por completo. Para combater a queda da demanda, o governo optou por reduzir a Selic, atualmente em 10,25% ao ano. Com isso, os investidores começaram a fazer perguntas como:
* É hora de ficar só na caderneta de poupança e abandonar os fundos de renda fixa?
* Será que está na hora de retirar os recursos aplicados em ações, aproveitando a recente melhora da Bolsa?
* Posso confiar no fim da crise e permanecer na Bolsa?
* Devo aplicar mais (ou menos) em renda variável?
Poupança versus renda fixa
O vice-presidente da Ordem dos Economistas do Brasil, José Dutra Vieira Sobrinho, realizou um estudo para saber o que rendia mais: a poupança ou os fundos de renda fixa, em cenários criados em torno da taxa básica de juro. Considerando meses com 21 dias úteis e a alíquota de 20% do imposto de renda, que incide sobre os fundos, ele chegou à seguinte conclusão:
Portanto, com a Selic em 11% a.a., a poupança, que hoje é corrigida a uma taxa constante de cerca de 6% a.a. somada à variação da TR (taxa referencial), já rende mais do que os fundos de renda fixa com taxa de administração de 2%. No patamar atual (10,25% a.a.), os ganhos da poupança só não superam os fundos com taxa de administração de 1% e 0,5%. Com a taxa básica em 9,75% a.a., por sua vez, apenas o fundo com taxa de administração de 0,5% não é superado.
A sócia da Practa Treinamento e Educação Financeira, Rosario Pujado, afirma que, de fato, a poupança é hoje uma das alternativas mais interessantes para quem não tolera o risco. Mas ela chama atenção para dois pontos. Não se pode esquecer que, para evitar a fuga de investidores da renda fixa, o governo está planejando mudar as regras de cálculo de rentabilidade da poupança.
Em segundo lugar, se o investidor tiver um montante alto aplicado na caderneta de poupança, em um único banco, corre o risco de crédito da instituição financeira, já que o Fundo Garantidor de Crédito garante somente até R$ 60 mil por CPF (Cadastro de Pessoas Físicas).
Eleições devem afetar decisão do governo
O vice-presidente de Finanças da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Roberto Vertamatti, explica que o governo tem falado em alterar as regras da poupança desde fevereiro, porque os fundos de renda fixa são baseados na Selic e lastreados em títulos do governo federal.
Nas entrelinhas, isso significa que o governo necessita que as pessoas invistam em seus títulos para facilitar a rolagem da dívida interna. "Com a queda da Selic a 10,25% a.a., o governo está no limite", explica.
Em meio às especulações, uma das hipóteses é de que a poupança, hoje isenta, passe a ser tributada na faixa superior a R$ 20 mil. "Mas isso pode gerar descontentamento na população, o que não é interessante em um período que antecede as eleições. Além disso, neste caso, muitos investidores poderiam recorrer à Justiça", explica o professor de Economia da PUC-SP, José Nicolau Pompeu.
Outra possibilidade é a de vincular a remuneração das cadernetas de poupança à Selic, de forma que a aplicação não concorreria com os fundos de renda fixa. "O governo deve alterar as regras antes da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária)", opina Pompeu. Ações versus poupança
Para o sócio da Quest Investimentos, Walter Maciel, antes de tomar qualquer decisão, o investidor deve ponderar o quanto tem de recursos para aplicar; qual o horizonte de investimento; em quanto tempo espera ter retorno; seus objetivos; e o quanto de risco tolera. Ele recomenda a quem deseja investir R$ 20 mil ficar na poupança.
Já quem possui menos de R$ 100 mil pode investir em fundos ou na poupança, mas não deve apostar na renda variável, segundo ele, a não ser que tenha certeza de que não irá precisar do dinheiro nos anos seguintes.
Seja como for, ele vê uma janela de oportunidade para os investidores da Bolsa nos próximos três meses, e trabalha com um intervalo entre 43 mil e 53 mil pontos. "A Quest havia identificado, há 50 dias, a melhora do mercado que ocorreu. Ainda sairão muitas notícias positivas sobre as medidas do governo Obama", afirmou, ao acrescentar: "Mas o ambiente de fundo é muito ruim".
"A produção industrial, em todo o mundo, caiu de forma muito acelerada; o consumo também sofreu queda, mas não tanto quanto a produção, e deve acarretar a necessidade de recomposição dos estoques; a taxa de desemprego no Brasil vai chegar a 10%; e o problema dos Estados Unidos não será resolvido", diz, ao justificar a expectativa ruim para a Bolsa para o fim do ano.